Estou certa de que estás bem de
saúde e que continuas empenhada no que sempre desejaste fazer. Aquela força que
demonstraste quando bateste no Diogo e o deixaste quase inconsciente parece que
te corre nas veias e te faz enfrentar a vida com garra. Por isso sei que estás
bem.
Hoje de mim para mim lembro-me de
algumas coisas que fazem de mim o que sou. Lembras-te daquela vez em que puxavas
a cortina da sala de jantar e o varão caiu? Pois foi: pensaste no que fazer:
conto à minha mãe ou não conto? Racional: decidi contar. Foi o melhor que fiz.
Assumir as responsabilidades.E quando esfolaste os dedos das mãos a andar de skate? Sempre a “Maria rapaz”, capaz de experimentar o que parece impossível para as mulheres fazerem. O exemplo de que não há limites nem fronteiras entre os sexos, mas sim igualdade.
E quando decidiste que ias colocar os brincos e mais outro e mais outro…. O primeiro foi para acabar com o disse que disse da “Maria rapaz” que vestia calças, usava cabelo curta e dava tudo para andar com as sapatilhas e com a bola nos pés! Os outros brincos…. Já traduzem a emocionalidade associada ao facto de seres rapariga, aquele que dizem ser mais emocional, mais sensitivo, mais e mais feminino…. Sim… esse lado também tens!
E dos sonhos? Lembraste? Quando aos dez anos de idade te impuseste, enfrentaste tudo e todos para poder viver o sonho numa grande cidade, naquelas em que as casas arranhavam as nuvens do céu mostrando que não há sonhos impossíveis. Até esse desejo concretizaste.
As lágrimas…. Essas também te ergueram. Daquela vez em que a camisola nova às riscas rasgou a saltar o muro da escola para ir às escondidas comer pão quente com manteiga e açúcar! E quando te confrontaste com as primeiras perdas na vida…. Aquelas pessoas que vivem agora noutra dimensão e que fizeram de ti o que és hoje. E quando te pediram para apertar os sapatos quando fossem velhos! Sentiste a responsabilidade e percebeste que as coisas “teoricamente” podiam ter um fim, mas os afectos até aí se fortaleceram.
E quando tiraste a primeira negativa! Pois, ao telefone disseste: “algum dia tinha que ser, tinha que saber como era!” A sensação foi terrível e isso fez-te perceber que o caminho não é esse, sentes-te melhor quando te empenhas, quando te esforças e quando lucras com o trabalho, o que sentes como felicidade e é evidente através dos sorrisos e do olhar brilhante e profundo, pensando: “estou pronta para a próxima! Venha outra!”
Estas e muitas outras histórias traduzem o que é, o que sentes, o pensas, o que desejas. A força e a vitalidade de quem deseja absorver do mundo tudo o que ele tem de melhor, absorvendo o que de melhor as pessoas tem para te oferecer e o que também tu tens para lhe oferecer: o olhar, o sorriso e a alegria que transborda e que está presente em todas as brincadeiras e momentos sérios. Quando pensares que isso não é verdade, recorda o passado, pensa nestas e noutras conquistas. Pensa nas conquistas recentes, aquelas que te arrancaram sorrisos quando enfrentaste os cinco “vampiros”. Mesmo aí sorris, mesmo aí brilhas, mesmo aí és tu!
Um grande beijinho e um abraço
muito caloroso,
Catarina