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Querida Vera,

Estou certa de que estás bem de saúde e que continuas empenhada no que sempre desejaste fazer. Aquela força que demonstraste quando bateste no Diogo e o deixaste quase inconsciente parece que te corre nas veias e te faz enfrentar a vida com garra. Por isso sei que estás bem.
Hoje de mim para mim lembro-me de algumas coisas que fazem de mim o que sou. Lembras-te daquela vez em que puxavas a cortina da sala de jantar e o varão caiu? Pois foi: pensaste no que fazer: conto à minha mãe ou não conto? Racional: decidi contar. Foi o melhor que fiz. Assumir as responsabilidades.
E quando esfolaste os dedos das mãos a andar de skate? Sempre a “Maria rapaz”, capaz de experimentar o que parece impossível para as mulheres fazerem. O exemplo de que não há limites nem fronteiras entre os sexos, mas sim igualdade.
 E quando decidiste que ias colocar os brincos e mais outro e mais outro…. O primeiro foi para acabar com o disse que disse da “Maria rapaz” que vestia calças, usava cabelo curta e dava tudo para andar com as sapatilhas e com a bola nos pés! Os outros brincos…. Já traduzem a emocionalidade associada ao facto de seres rapariga, aquele que dizem ser mais emocional, mais sensitivo, mais e mais feminino…. Sim… esse lado também tens!
E dos sonhos? Lembraste? Quando aos dez anos de idade te impuseste, enfrentaste tudo e todos para poder viver o sonho numa grande cidade, naquelas em que as casas arranhavam as nuvens do céu mostrando que não há sonhos impossíveis. Até esse desejo concretizaste.
As lágrimas…. Essas também te ergueram. Daquela vez em que a camisola nova às riscas rasgou a saltar o muro da escola para ir às escondidas comer pão quente com manteiga e açúcar! E quando te confrontaste com as primeiras perdas na vida…. Aquelas pessoas que vivem agora noutra dimensão e que fizeram de ti o que és hoje. E quando te pediram para apertar os sapatos quando fossem velhos! Sentiste a responsabilidade e percebeste que as coisas “teoricamente” podiam ter um fim, mas os afectos até aí se fortaleceram.
E quando tiraste a primeira negativa! Pois, ao telefone disseste: “algum dia tinha que ser, tinha que saber como era!” A sensação foi terrível e isso fez-te perceber que o caminho não é esse, sentes-te melhor quando te empenhas, quando te esforças e quando lucras com o trabalho, o que sentes como felicidade e é evidente através dos sorrisos e do olhar brilhante e profundo, pensando: “estou pronta para a próxima! Venha outra!”
Estas e muitas outras histórias traduzem o que é, o que sentes, o pensas, o que desejas. A força e a vitalidade de quem deseja absorver do mundo tudo o que ele tem de melhor, absorvendo o que de melhor as pessoas tem para te oferecer e o que também tu tens para lhe oferecer: o olhar, o sorriso e a alegria que transborda e que está presente em todas as brincadeiras e momentos sérios. Quando pensares que isso não é verdade, recorda o passado, pensa nestas e noutras conquistas. Pensa nas conquistas recentes, aquelas que te arrancaram sorrisos quando enfrentaste os cinco “vampiros”. Mesmo aí sorris, mesmo aí brilhas, mesmo aí és tu!

Um grande beijinho e um abraço muito caloroso,
Catarina

Devaneio

Devaneio...
sonho
perco-me
encontro-me
arquitecto o futuro
vivo
supreendo
surpreendo-me
sou surpreendida
por ti
por mim
por vós
pela vida
pelo mundo
sinto
alegria
tristeza
melancolia
audácia
desafio
ali estou
ali fico
para acolá vou
o mundo é mais
e mais
e muito mais
é meu
é teu 
é nosso
devaneio
liberto
o passado
agarro
o futuro
é para que vou
no devaneio.

Segredo

Segredo? Afinal qual é o meu segredo?
Permaneci a pensar nesta questão durante alguns minutos. Percebi que todos temos segredos e dei por mim a, espontaneamente, evocar algumas memórias. Suponho que estas estejam na origem do meu segredo.
Nasci e comecei a construir uma casa. Com ajuda dos meus pais e dos meus avós coloquei os primeiros tijolos, amassei o cimento. Deixei cair outros tijolos, magoei-me enquanto a outros alguém deitava a mão e os assentava devidamente.
Quando comecei a vislumbrar o final da construção "grossa", imaginei como ficaria a casa se a pintasse. Que cor lhe devo dar? Amarelo, branco, verde água, azul bebé? Suponho que as normas e convenções sociais influenciar a escolha pelo branco. Isolei a casa com alguns alumínios que abriam e fechavam, permitindo que o exterior invadisse o interior da minha casa e que esta pudesse emanar para o exterior a alegria que tem para que outros a pudessem sentir e partilhar.
A decoração interior, em particular a do quarto, era o meu espaço de liberdade. Pintei-o de rosa bebé. Aquele seria o meu espaço, o meu mundo. Naquele planeta em que reinava com as bonecas, carrinhos e demais brinquedos e acessórios, colei fantasminhas na parede (daqueles que saiam nas guloseimas), colei posteres de pessoas importantes (pensava eu). Defini que haveria um espaço para as tarefas que me iriam instruir e contribuir para o desenvolvimento das minhas competências de leitura, cálculo, cultura geral... 
A porta desse quarto permitia o acesso aos demais compartimentos e às pessoas que comigo dividiam os espaços. 
Da varanda via a rua, o largo da capela onde tantas vezes joguei à bola, andei de skate, saquei uns peões de bicicleta, toquei o sino, ou simplesmente conversava com os amigos e vizinhos.
De vez em quando, geralmente ao sábado, era necessário (quero dizer, obrigatório) sacudir o pó aos tapetes, aspirar, limpar o pó do meu quarto e dos demais compartimentos. Ao limpar o pó tinha que tirar os objectos do local, repunha-os, mas geralmente noutro local. De mim para mim pensava, - assim fica mais bonito! E ficava. Movia as energias. 
À noite, ao deitar, olhava em volta e contemplava a minha nova casa, parecia agora mais bonita, via coisas diferentes, ou pelo menos em locais diferentes, ouvia novos sons, tinha um novo odor, as minhas mãos percebiam que tudo o que tacteavam era diferente, até o paladar era diferente. Tudo era novo. Eu era nova. Estava pronta a a começar.
Hoje penso que nas nossas vidas há que fazer essas limpezas, arrumar os objectos, limpar o pó, fazer mudanças, utilizar um odor novo, um caminho novo para que a nossa mente possa continuar a coleccionar imagens de alegria e de felicidade, para que as nossas energias se movam, para que a nossa sede de mudança possa ser real e para que essa ocorra dentro de nós e possa ser partilhada com aqueles que nos acompanham nesta caminhada e nestas "limpezas" secretas que tão fortes e resistentes nos fazem.
Suponho ser este o meu segredo. Desejar descobrir-me a cada minuto, ainda que por vezes parece que possa ficar ofuscada pelo pó e pela poluição. Cuidar da nossa casa é antes de mais cuidarmos de nós, cuidar da casa que vai connosco para todo o lado. Suponho ser esse o segredo que tenho que continuar a descobrir, mover as energias que já possuo e experimentar e coleccionar memórias e lembranças das que vivo e ainda vou viver como momentos únicos e especiais.

Pensamento

"Não há nada de nobre em sermos superiores ao próximo. A verdadeira nobreza consiste em sermos superiores ao que éramos antes" (Não recordo o autor)

I want to be a millionaire

Yesterday near a palace someone said "I want to be a millionaire"...
Suponho que não seja o único/a. Afinal que tipo de riqueza procuram as pessoas?
Conceito relativo!
Se a riqueza fosse dinheiro, poder-se-ia usufruir dele e do que o mundo tem para nos oferecer. Fazer uma viagem à volta do mundo, não necessariamente em 80 dias... seria muito pouco tempo para tanta beleza!
Se a riqueza fosse nas relações humanas, quiçá um dia se consiga... certamente depois de alguns (di)sabores e alguns pontapés!
Podemos para além desta última, manter a riqueza de espírito! Neste caso, tudo o que apraz dizer é "Viva a hora da parvalheira!" Nessa hora somos felizes! Usufruimos de uma pseudo-férias sem divãs, sem cadeiras ou mesas de consultório!
Mesmo que os bolsos não abundem em dinheiro, e as pessoas nos possam desiluir, sejam milionários, vivam a parvalheira e façam o favor de ser felizes!

Eclipse

Todas as despedidas são tristes,a incerteza do amanhã e depois de amanhã, a maior preocupação com o outro do que connosco próprios. Será possível? Do outro lado da linha a percepção será a mesma?
Os dedos escrevem mensagens, textos que não são enviados nem lidos, quem sabe um dia não revelam a vida oculta que hoje partilhas comigo. As histórias são bizarras, dignas de um filme de acção romântica. O fim da história não está definido. Amanhã logo se vê.
Enquanto te escuto percebo que sofrer por antecipação é mesmo sofrer, a maior parte das vezes é sofrer desnecessariamente, afinal as incertezas do próximo minuto, do próximo segundo permanecem e são mais fortes do que qualquer pensamento que possamos ter.
Todos gostamos de nos sentir escutados, por isso te escuto. Faz parte de mim. As páginas da tua história são mais importantes que as da minha, as prioridades da tua vida são mais importantes do que as da minha. Escuto-te sempre, mesmo quando me começo a convencer que já não necessitas dos meus ouvidos, do meu olhar de escuta atenta, dos meus lábios cerrados que aprisionam as palavras.
Nesse teu silêncio sei que me escutas, acredito que sim, convenço-me disso, sei que sim. As tuas capacidades telepáticas garantem-me que estás por perto, iludem o pensamento que vagueia, aparentemente perdido, por entre as nuvens que atravessamos juntos.
Os movimentos de rotação e translação afastam as nuvens da terra e do sol. Nesta época do ano, neste pólo sul, longa é a noite que se instala, curto é o dia que se mostra e nos presenteia com o mais largo dos seus sorrisos. Nos momentos em que a lua e o sol se cruzam, a luz fica encoberta, uma vez mais. Não se esconde por muito tempo, não consegue. O sol regressa, os ouvidos, a boca e o olhar ficam de novo despertos num novo sinal de dia, de vida e esperança do amanhã.

Papel

Observas a minha caligrafia e pedes-me um papel.
Perguntas-me se te posso desenhar o alfabeto em minusculas e maiscúlas. Dás-me um papel e um lápis.
Deixe-te conduzir e segui as instruções que davas.
Pediste-me que no caderno de duas linhas te escrevesse uma frase. Tudo o que me ocorreu, foi "És muito especial e muito bonita!". Leste a frase com dificuldade e sorriste. Parecia que nunca antes tinhas recebido um bilhete com uma mensagem especial. Eras mesmo especial.
Na linha de baixo, quizeste escrever uma frase original. Lentamente, copiavas cada uma das letras da linha de cima e no final tinhas reproduzido a frase que te foi dirigida. Acrescentaste-lhe a emoção, que ficou marcada nas restantes linhas daquela primeira página.
Voltaste a página e, com o alfabeto à frente, começaste a escrever uma carta. Aproximava-se o dia da mãe, a tua mente estava focalizada nesse momento, há muito que aí tinha parado.
Começaste: "Mãe, gosto muito de ti. Eras especial. Tenho saudades tuas."
Não foi necessário incentivar-te a escrever o restante texto que desenhavas por entre erros, gralhas e uma grafia por vezes imperceptível. O lápis desenhava as letras com o sangue que ainda te corria nas veias e que clareava com as lágrimas que te molhavam o rosto. O olhar cabisbaixo e fixo no papel viajava até ao momento em que a tua mente tinha parado. Respeitei o teu silêncio, deixamo-lo desabrochar.
As poltronas em que nos sentavamos eram mais confortáveis do que as palavras que escrevias, mas nem nelas conseguimos encontrar conforto. As cortinas vermelhas das janelas daquele cubiculo pareciam dançar ao ritmo do vento que entrava pela janela em sinal de liberdade.
Continuaste a escrever. Deixei-te.
Quando terminaste, quiseste ler-me a tua história, aquele conto. Escutei-te atentamente e quando me pedias ajuda para ler as palavras que escreveras e não conseguias decifrar apenas te enumerava as letras para que pudesses ser tu a proferi-las.
No final, ergueste a cabeça, esboçaste um sorriso no olhar e um brilho nos lábios como nunca antes mostraras. Parecias livre. Confiaste-me o teu segredo, o mesmo que confiaste ao papel que não te atraçoará e que eternamente guardará.

Vou ter saudades tuas

Por momentos regressamos à Terra do Nunca. Tudo é simples e as palavras proferidas puras.
Passamos a vida emersos em discursos ensaiados, conversas de circunstância onde todos nos querem ensinar "etiqueta e boas maneiras" sociais, as mesmas que nascem connosco e aguardam pelo momento certo para, num efeito surpreendente, se libertarem.
Foi assim:
Quando baloiçamos erguemos os braços ao céu para podermos voar e ser livres como a maior e mais pequena ave. Ao soltar os braços, inspiramos, sorrimos, os olhares brilharam, os rostos ficaram rosados, transpiramos alergria e liberdade. Com orientação podemos manter alguma conversação, convidar um amigo para almoçar, conhecer o seu prato perferido. Esparguete com almôndegas ou carne picada? Corremos, fizemos jogos de mímica, colocamos as regras e aceitamos as regras dos outros, ganhamos e perdemos sem lágrimas ou bater de pés. Fomos a correr despedir-nos. Queriamos mais.
O sol e o espaço livre uniram-se para nos proporcionarem a liberdade. O cenário ficou completo quando fomos surpreendidos com um beijo espontaneo, um abraço natural e uma vozita que nos sussurou ao ouvido "vou ter saudades tuas".


Self e nós

O self. Os selves. Somos um. Temos vários.Construimo-nos e desconstruímo-nos. Viram-se páginas. O negro pode vir a ser branco passando pelos vários tons de verde, verde-esperança, da certeza de que de alguma forma todos os que passam por nós dão um nó na corda da nossa vida. Uma corda sem retorno, nuns momentos frágil e noutros extremamente resistente. Depois da fragilidade que venha a força. Assim se escrevem as histórias das vidas de todos nós. A minha, a tua. Por vezes, as cordas, os selves cruzam-se, entrelaçam-se em nós que não se desfazem, não se cortam, não se mudam mas reescrevem as nossas histórias. Nós seguidos de mais corda que busca outras cordas para dar novas laçadas e construir mais um self, mais um capítulo sem retorno que  contribui para os selves.

Lápis de cor

O cheiro a lápis de cor, lápis de cera inundavam a sala.
Tapei o nariz e ordenei à minha mente que comandasse as minhas mãos e as pontas dos meus dedos para naquela gigante folha de papel fizesse uns rabiscos.
Rodei a folha várias vezes. Não sabia se a utilizava na horizontal ou na vertical.
Num precalço fiz um risco. Fiquei triste. Tinha manhchado a folha e não tinha outra.
Decidi voltar a página. Voltei a rodá-la várias vezes.
Peguei numa cor. Azul oceano.
Na horizontal pintei o mar.
A cor-de-laranja, vermelho, verde, castanho desenhei os peixes. Eram de todos os tamanhos, cores e feitios. Bilhavam. Estavam cuidados.
Reproduzi a falésia que tinha visto uma vez num livro que folheei.
No extremo da falésia desenhei o farol, guia dos barcos que do oceano se aproximavam.
Preenchi o fundo do oceano de branco, numa tentativa de aproximação à linha do horizonte. Os lápis de cera tinham a cor branca que eu queria utilizar.
Levemente, a cinzento, procurei representar uma montanha com neve. A mesma que um dia vi num outro desenho que alguém cuidadosamente fizera. No cimo da montanha rabisquei um menino, fazendo sky, deslizando para o oceano como se estivesse no aquaparque que agora anunciavam na TV.
Os homens e mulheres dos barcos, passeavam-se. Mergulhavam nas águas profundas do oceano para que o menino também se atirava no maior dos divertimentos.
O desenho tem destas magias, reproduzem os nossos pensamentos, libertam a alma de quem os faz e pinta com a milagrosa capacidade dos lápis de cor.

O baú...

O embrulho desfez-se, roido pelo tempo o papel já era amarelado e velho, quase ferrujento. Dentro estava um baú, fechado a sete chaves. Secretamente olhava-o, contemplava-o. Percorria os trilhos do imaginário das memórias guardadas e esquecidas procurando a chave e a fechadura. Voltou a observar. Continuava fechado. Ficou em perplexidade. «Como poderia alguém guardar um baú que não se consegue abrir».
O ar era preenchido de um perfume de rosas, numa mistura de chocolate e morangos que despertavam os sentidos do sono profundo e estagnado. Lentamente o olhar vislumbrava luz, uma luz azul muito clara que penetrava a pupila e a iris de quem admirava apenas aquele baú. Os ouvidos escutavam melodias simples, numa mistura de harpa e violino que se encontravam e desencontravam. O paladar despertava, deixando a boca inundada da água do desejo de saborear iguarias aromatizadas que despertavam o olfacto. As mãos tacteavam cuidadosamente o baú em busca da mais subtil fenda do acesso ao interior daquela caixa.
Exaustos de procurar e não encontrar, os sentidos acomodaram-se e cairam por entre velharias. O baú permaneceu seguro e atracado nas mãos firmes.
Anoiteceu. A claridade da lua cheia inundava de luz aquele local num cruzamento com a luz que era libertada do baú. Este encontro permitiu que o baú se abrisse. Abriu mesmo.
Fixou o olhar na caixa que brilhava numa alucinante viagem pelo ontem e pelo hoje. Pôde reencontrar e abraçar aquelas as pessoas e momentos residentes na memória humana e que pensava já haver apagado. Naquele instante percebeu-se que não era simples. O presente enchia o baú, passando a ser passado no mais leve pestanejar, por isso era visualizável.
O nascer do sol emergiu e interrompeu as trocas de luz até então inexplicáveis. Estava a fechar-se de novo. A luz estava cada vez mais fraca.
Despertou com o sol. Olhou em volta. O baú estava permanecia pousado sobre as mãos. Já estava fechado. Tudo não passara de um sonho. Um sonho que abriu o baú. Ãquele onde poderia regressar sempre que desejasse, reencontrando as experiências sensoriais profundas que noutros momentos seriam negadas.
Ali se encontrava. Ali te encontrava. Ali vos encontrava.

Três tempos musicais: passado, presente e futuro

Muitas melodias tem apenas três tempos. Na pauta escrevem-se as notas e as pausas dando cor e vida às cinco linhas e aos quatro espaços. Tudo pronto para escutar esta partitura.
O estímulo para o concerto, assinalados com a clave de sol, é suficiente para captar os pormenores que se seguem. Até ao concerto evocam-se os ensaios, a experiência e sabedoria passadas, revivem-se emoções e momentos inexplicáveis e incomparáveis. Os lábios ficam humedecidos pela água que jorra da ansiedade, a mente é povoada de dúvidas, incertezas, inseguranças: como farei? serei capaz? como reagirá o companheiro deste dueto? sobre o público..... prefiro nem pensar. A madrugada é longa e de insónia, o travesseiro o melhor e mais fiel dos companheiros enquanto o pensamento teima em ocupar o lugar reservado pelo sono. A aurora é prematura, os arranjos finais são retocados e projectados num futuro em contagem decrescente percorrido ao som de notas de quatro tempos para se saborear aquele rebuçado de morango cujo odor e sabor adocicado se partilhará.
No segundo tempo, o arranjo recorre a notas de um e dois tempos, numa melodia rápida desprovida de pausas e acompanhada de um coreografia encenada e representada pelos próprios músicos. A respiração e o palpitar cardíaco ocupam o lugar do silêncio. As pausas ficam completas com a lenta, breve e articulada  mudança de indumentária. O som e os ritmos iluminam um presente que se quer desembrulhar, tocar, explorar, conhecer e reconhecer, viver e reviver. Coordenam-se gestos e movimentos singelos que acompanham o ritmo que se entranha pelos poros descobertos e desprotegidos, e que se escutam na escura claridade do que não se deseja ver mas sentir. Era ali, naquele cenário, naquela sala acolhedora e em dueto que seria desejável pemanecer num tempo musical de pausa eterna vivida a um ritmo constante e coerente. A exaustão do momento diluia-se com o poder do mais breve, penetrante e invasivo olhar. Estavam reunidas as condições para a perfeição. Antes do final, sempre dificil e saudosista, vive-se o momento, revivem-se outros, olha-se em volta e aprumam-se os sentidos para captar todos os sinais e momentos da partitura.
Eis que, o tempo terreno invade e ataca, ecoando ruídos tocados a uma velocidade de dois tempos musicais sem pausas com poucas notas musicais que superavam a velocidade de qualquer milésimo de segundo. Permanecerá o  reviver e a possibilidade de reensaiar mentalmente o ensaio-concerto partilhado. Agora o compasso acompanha o ritmo do abrir o fechar de olhos lubrificados e irrigados pelo rio da saudade sempre que se evoca esse e outros momentos, naquela e noutras salas de espectáculo sempre buscando um próximo ensaio-concerto em dueto.

O meu refúgio

Percursos civilizacionais, rasgos de betão ladrilhados por mão humana guiam o desnorte do silêncio, elevam o poder do pensamento, da ilusão, toda e qualquer imaginação; perturbam o azul vivo do verão, o verde vida da mais bela primavera; atravessam vales, montanhas e planícies acastanhadas e despidas do outono; no inverno vestem de branco transparente frio e gélido ofuscando os olhares dos transiundes que em veículos a motor, pedais ou simples animais perdem os pensamentos em plena ebulição.

(Escrito em 27 de Abril de 2011)

Dialogando

¾ Finalmente!
¾ Desculpa ¾ respondeu Ana, aproximando-se para beijar o namorado.
¾ Sempre atrasada. Estou a pensar oferecer-te um relógio com alarme programável à distância.
¾ Que ideia brilhante!
¾ Assim posso programá-lo ¾ ironiza.
¾ Aproveita e coloca também GPS e videovigilância…
¾ Com ligação directa ao youtube. ¾ interrompeu João.
¾ Tudo isto para haver controlo? Ou será ciúme?
¾ Humm…
¾ Como devo interpretar essa não resposta? ¾ retomou ela.
¾ Talvez ciúme por não poder estar contigo mais tempo ¾ disse enquanto a olhava e a acotovelou carinhosamente.
¾ Ai! Primeiro controlo e ciúme, agora violência? ¾ comentou arregalando os olhos para o intimidar.
¾ Olha! Está ali um polícia, queres ir apresentar queixa? Vamos lá, eu acompanho-te.
¾ Tantas ideias brilhantes num só dia! Bora…
¾ Bora lá! Mais uma aventura!
De mãos entrelaçadas, troteando pelo jardim dirigiram-se ao agente. Cumprimentaram-no e seguiram em direcção ao cinema.


(Escrito a 13 de Abril)

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Já ca estamos outra vez!
Dito de outra forma: gira o disco e toca (quase) o mesmo.
Exactamente: quase!
Sim, porque não é bem a mesma coisa.
Os tempo passa. Os meses repetem-se, 12 meses depois estamos de novo no mesmo mês e, quase, no mesmo dia, talvez até no mesmo local.
Quase em Maio, já a maior parte das Academias do país se dedicam a viver e beber até ao fim da queima das fitas. São estas épocas que, uns recordam, outros revivem e outros vivem pela primeira vez. São estas épocas que integram alguns dos mais importantes rituais de transição. Para outros, mesmo superados esses rituais, todos os anos os vivem de forma diferente e reescrevem as histórias. Sim, reescrevem. Felizmente! Nada acontece duas vezes exactamente da mesma forma.
Mais um passo em frente neste jogo de "macaquinho do chinês", onde todos desejam aproximar-se dos objectivos, muitas vezes, os mesmos objectivos. A estratégia pode diferir. Uns são sorrateiros e discretos, caminhando pé ante pé enquanto outros correm, voam e fazem ruídos que velozmente os levam.... onde quer que seja.
Também este ano, lá estaremos. Umas vezes, seja por caminhos discretos seja por atalhos indiscretos.
Já cá estamos outra vez!
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Traço de um personagem

Naquela viagem visita locais que fizeram parte da sua história e simultaneamente para o passeio e projecto seguinte. pesquisa, informa-se, planeia, cria cenários. Em aberto permanece espaço para a exploração e curiosidade apenas preenchidos in loco. Aí, abre a caixa de experiências, cruza memórias, preenche os vazios com toda a informação, pormenores que observa, escuta, tacteia, inala e partilha. Mais uma peça do puzzle se encaixa e cuidadosamente acomoda na colecação de memórias, emergindo no horizonte ideias para conseguir encontrar a peça seguinte desta colecção.

(Escrito em 6 de Abril de 2011)

Um dia solarengo

Naquele domingo, num banco de jardim, um senhor de meia idade, aparentemente solitário, folheava tranquilamente o jornal. Finda esta tarefa, levanta o olhar, olha em volta e, sem tecer quaisquer comentários, abre o saco que repousava à sua direita para nele colocar o jornal. Tudo indicaria que este se aprumava para deixar vago o lugar de jardim, naquela sombra tão cobiçada. Em vez disso, tira agora uma revista, daquelas que acompanha os jornais domingueiros que fala de tudo e está repeleto de imagens e publicidade. Mantendo a tranquilidade, folhea as páginas, delicia-se com os títulos e com a publicidade à lingerie da moda.
Uns metros à frente, um bando de crianças corre pelos jardins. Qual passarinhos, qual quê?, pareciam aves de rapina, saídas naquele preciso momento do mais longo período de hibernação. Corriam e saltavam, desejavando absorver toda a energia que um peçado de relva verde irradia. Aquele jardim monocromático, em tons de verde e castanho, apenas era animado pelos tons joviais dos que por lá passavam, uns de t-shirt branca, outros de preto, com camisas vermelhas e amarelas desabotoadas ou casacos azuis de mangas arregaçadas.
Para completar o cenário, os pais de trajo domingueiro e as mães de salto alto à altura, estravazavam as histerias até então camufladas, soltando esguinchos e gritos imperceptíveis aos ouvidos das suas crianças. A determinada altura o cenário era em tudo semelhante a um campo de futebol. Os pais, meticulosos observadores, vociferavam de ponta a ponta na esperança de que as crianças, ocupadas com coisas certamente mais interessantes, lhes dessem ouvidos e adequassem os seus gestos e movimentos para que não se magoassem. As crianças, jogavam e passeavam-se em movimentos aparentemente descoordenados, procurando cumprir com os objectivos dos seus jogos improvisados. O leitor de jornal, espectador deste jogo, que percebe já nada mais perceber desta organização actual, dos objectivos e das regras deste futebol, opta por se remeter ao silêncio e desfrutar dos ruídos do espaço e dos protagonistas do desafio. Os ruídos do rio, água viva e fluída, aplude toda a dinâmica exterior à própria natureza como se dela se apropriasse, tecendo ovações aos utilizadores daqueles jardins.

Uma noite de insónia

O último olhar para o espelho de luzes intensas e claras, o perfume do quarto, o toque naquele vestido branco-luz que ilumina a porta que se abria.
Repousa a cabeça sobre a almofada e o corpo sobre a cama. Sacode o corpo em busca de tranquilidade e descontracção. O pensamento vagueia, avança e recua pela infância, amores e desamores, o encontro, o beijo, o pedido.
Sacode de novo o corpo e, autoritária, ordena: "descontrai, vai correr tudo bem, vou ser feliz!".
O tic-tac do relógio lentifica-se, o pensamento é como a luz e o som em competição.
Repousa, descansa. - pensa.
Olha de novo para as horas. Passaram trinta segundos desde o último olhar.
Acendeu-se o telemóvel que descansava em cima da cómoda.
Quem será? - pensa. Será que desistiu?
O coração parece um leopardo em defesa da cria, capaz de correr perigos e superar inseguranças.
Era aquela amiga de infância a desejar felicidades.
Felicidades? - pensa. Quem disse que vou ser feliz? Porque não?
Admira pela centésima vez o quarto, os objectos, abre a porta do WC dirigindo-se ao lavatório para enxugar o rosto e lavar as mãos que estavam mais molhadas que qualquer rio.
Toma um duche enquanto pensa: "isso passa".
Ainda falta uma hora para o galo acordar.


(Escrito em 23 de março de 2011)

A azáfama de Eva

Mais um dia entre reuniões e papéis, sistematicamente interrompida pelo trim do telefone e pelo toc toc da porta.
- Eva, aquele e-mail?
- Eva, uma chamada.
- Eva, aquele documento?
- Eva, ...
- Eva, ...
Solicitada por todos, Eva tinha a resposta que todos procuravam, conseguia organizar-se naquele constante corre-corre.
Ainda assim, calmamente, folheava os documentos em busca da resposta à nova solicitação. Enfrentava aquela colega, uma vez mais, com um sorriso acolhedor e tranquilizador na certeza de que, uma vez mais, a poderia ajudar.
Era mais um dia em que chegaria a casa e teria que mergulhar nos assuntos importantes da sua profissão, prioridade da sua vida.


(Escrito a 15 de Março de 2011)

A primeira viagem

Pude por um dia conduzir aquele carro bordeaux enorme. Sentei-me ao volante, olhei em volta para ler o mapa do carro e a bússula que me iria orientar.
Tudo estava no devido lugar: o volante, as mudanças, o banco, o rádio. Até o perfume que pairava no ar se tornava especial.
Num olhar súbito, constatei que não havia pedais. Uauuu.... o carro era automático. Desejosa de fazer aquele passeio com o meu avô, assim que fechamos as portas o carro começou a trabalhar. Curiosa pela condução e preocupada por transportar outra pessoa, decidi colocar os pés no volante. A condução era alternada: ora com as mãos ora com os pés no volante.
Experimentar a condução absorvia toda a atenção tal como a primeira vez que manuseei um tubo de ensaio para realizar uma experiência nas aulas ciências.
O Olhar do meu avô, as suas mãos pousadas sobre os joelhos, o sorriso eram tranquilizadores levando-me a pensar que tudo estava bem.
O silêncio que tocava no rádio e o perfume que pairava no ar fizeram-me desfrutar do momento.
No final da viagem, já em casa, partilhamos a experiência. Só aí percebi que esta viagem também fora especial para o meu avô.

(Escrito a 2 de Março de 2011)

Primavera

Naquele momento tudo parecia sombrio, as dúvidas eram muitas, o futuro longínquo, o apoio percebido era mínimo. O desejo de vencer na vida uma vezes era gigante e noutras alturas parecia esconder-se num local inacessível tornando-se imperceptível.
O gigante era motor de lutas, de esforços e conquistas bem sucedidas com aquele exército paralelamente alinhado capaz de intimidar quem se aproximasse. O sorriso, a alegria, a vontade de viver transbordavam, qualquer tarefa era de fácil execução. O desejo de desenhar planos futuros aumentava. Em sonhos acordados inaginava-se o palácio e a vida sem dificuldades, olhando-se apenas para a flor firme da rosa.
Os espinhos do caule da rosa também faziam parte do dia-a-dia adolescente. O maior espinho condicionou todo o percurso crescente do caule da rosa. As marcas que deixou são irreparáveis. Ainda assim, o caule encontrou caminhos alternativos e em primaveras menos iluminadas também a rosa abriu.
Hoje, abrem-se as memórias. Permanecem dúvidas e questões em relação ao passado, ao presente e ao futuro. Reconhece-se que se muda, não sabemos se para melhor. Sabemos que reconhecer isso é já indicador de aprendizagem, maturidade. Valoriza-se agora o que sempre nos ensinaram sem que se anulem os sonhos pessoais. Somos fortes para crescer nas dificuldades, na certeza de que as amizades que se perpetuam no tempo continuam a ser a água e a luz essenciais para o despertar de todas as primaveras.

Também hoje se fez primavera. Percebe-se que a missão foi cumprida, mas muito há ainda a fazer. Manter a promessa feita, de que a amizade é intemporal e residente em todas as estações do ano.

Para a Bruna

"Imagine" & Comunique

Nesta época, à semelhança de todos os dias do ano, é importante comunicar. Transmitir os sonhos, os desejos, o mundo imaginado e agradecer por, de uma forma ou de outra, podermos partilhar experiências e crescer em comunidade.

solidariedade

Há dias em que efectivamente estamos mais inspirados para reflectir e escrever.
Nesta época de encontros e desencontros, a vida parece que ganha outros sentido. De repente parece que se valorizam as pessoas e os momentos, tudo de vive com outro sentido, com outro olhar, os afectos modificam-se, tudo é simples e simplificado. Porque não se mantem esta atitude o resto do ano?
Socialmente somos desafiados a praticar mais gestos de solidariedade, de partilha, de dádiva. Os contributos acumulam-se, mas ano após ano, o desafio permanece. Ano após ano a sociedade continua a colaborar e a aderir massivamente a estes momentos.
Deixo hoje aqui uma homenagem àqueles que partilham e são solidarios  ano todo e não apenas nesta época de Natal. Homegeio aqueles que diariamente partilham do seu tempo, a sua disponibilidade, o seu afecto, os seus bens com aqueles que mais necessitam. Felicito aqueles que diariamente se preocupam com outro, com o seu semelhante, trazendo abundância e calor humano aos dias daqueles que pouco podem fazer para se aquecer no regaço do afecto mesmo que este seja o seu mais profundo desejo.
É pela necessidade diária de afecto, de calor e de amor que a solidariedade diária e permanente deve ser uma constante, ainda que por vezes seja evidenciada de formas estranhas e não necessariamente pela via que mais desejamos e que nem sempre compreendemos.

O significado da vida

Recordo o dia em que num "pequeno" acidente de automóvel vi a vida passar-me á frente! Felizmente nada aconteceu, senão uma chapas do automóvel amachucadas.
Os dias que se seguiram foram de reflexão. Tudo era argumento para reflectir. Não houve espaço a arrependimentos do que tinha feito e do que deseja ainda fazer, contudo a ordem das coisas e as prioridades foram reorganizadas.
A amizade passou a ter outro valor, a relação com as pessoas fundamental. Optou-se por fazer juz ao que durante a vida aprendi, de que , há tempo para tudo.
O valor de uma refeição partilhada, de um gesto de carinho e de afecto, um abraço, um beijo, um olhar, os odores dos espaços por onde circulamos e das pessoas com quem partilhamos esses momentos. Preencher a vida com os outros e na partilha passou a ser fundamental.
Também a solidão passou a ser vivida de outra forma. Nesses momentos encontramo-nos connosco mesmos, redefinimo-nos como pessoas que somos, organizamos as nossas experiência, "arrumamos" o nosso espaço. Nesses encontros pessoais e intransmíssiveis, há lugar para todas as emoções e sentimentos, sorrisos e gargalhadas, tristeza e lágrimas. Todas estas experiênciasd fazem parte das nossas vidas.
Por vezes, recordamos aqueles que já partiram. Percebemos que essas pessoas permanecem onde nós as colocamos, no nosso coração. É no coração que nos (re)encontramos, que "matamos" a saudade, que recordamos as mensagens que nos foram transmitidas, recordamos momentos partilhados. São essas experiências que também contribuem para a nossa definição como pessoas e que nos orientam, tendo o futuro como horizonte.
A vida é isso mesmo. Tem o significado que lhe quisermos atribuir. Partilhamos a vida com aqueles que desejamos. A vida é um jogo, em que as ambições e expectativas se cruzam, e por vezes, pelas adversidades e surpresas agradáveis da vida, nos fazem mudar o caminho que ruma ao que se pretende ser e fazer.

A Vida

A vida é uma oportunidade, aproveita-a.
A vida é beleza, admira-a.
A vida é beatificação, saborei-a.
A vida é sonho, torna-o realidade.
A vida é um desafio, enfrenta-o.
A vida é um dever, cumpre-o.
A vida é um jogo, joga-o.
A vida é preciosa, cuida-a.
A... vida é riqueza, conserva-a.
A vida é amor, goza-a.
A vida é um mistério, desvela-o.
A vida é promessa, cumpre-a.
A vida é tristeza, supera-a.
A vida é um hino, canta-o.
A vida é um combate, aceita-o.
A vida é tragédia, domina-a.
A vida é aventura, afronta-a.
A vida é felicidade, merece-a.
A vida é a VIDA, defende-a.

(Madre Teresa de Calcutá)

Children Learn What They Live (By Dorothy Law Nolte, Ph.D.)

If children live with criticism, they learn to condemn.
If children live with hostility, they learn to fight.
If children live with fear, they learn to be apprehensive.
If children live with pity, they learn to feel sorry for themselves.
If children live with ridicule, they learn to feel shy.
If children live with jealousy, they learn to feel envy.
If children live with shame, they learn to feel guilty.
If children live with encouragement, they learn confidence.
If children live with tolerance, they learn patience.
If children live with praise, they learn appreciation.
If children live with acceptance, they learn to love.
If children live with approval, they learn to like themselves.
If children live with recognition, they learn it is good to have a goal.
If children live with sharing, they learn generosity.
If children live with honesty, they learn truthfulness.
If children live with fairness, they learn justice.
If children live with kindness and consideration, they learn respect.
If children live with security, they learn to have faith in themselves and in those about them.
If children live with friendliness, they learn the world is a nice place in which to live.

Estás Aqui para ser feliz



Não posso deixar de partilhar!
Efectivamente estamos aqui para ser felizes.
Felizmente temos uma memória selectiva.
Há que educar essa memória para evocar, guardar e ruminar sobre as experiências positvas da vida.
um desafio a todos nós!
O tempo passa
E nós só temos que ser felizes!

Em resposta.....

Depois de tão extensa situação descrita anteriormente apenas posso dizer que em todos os locais do mundo existe o que se designa persona non  grata. São essas as que não escolhem os momentos para dizer o que quer que seja, que pensam que problemas, dúvidas e dificuldades (inclusivé de espirito) não afecta os outros! Perante os dados da emancipação da Suíça talvez consigamos perceber porque é que em Portugal a crise económica e laboral se apresenta como um buraco sem saída. Mas se é para comparar, vamos lá:
Portugal tem 10 milhões de habitantes, a Suíça tem cerca de 8 milhões.
Portugal tem uma taxa de desemprego de mais de 9% enquanto na Suíça é de 4,4%.
Em Portugal o salário médio é muito inferior a 900 euros por mês. Na Suíça o salário médio é de cerca de 5500 francos (mais de 4000 euros).
Portugal um indice de desenvolvimento humano de 0,909 enquanto na suíça o mesmo índíce é de 0,960.
A Esperança média de vida em Portugal é de 78,21 anos enquanto na Suíça é de80,85 anos
A Suíça tem um PIB per capita que permite viver com uma excelente qualidade de vida, sendo um dos países mais ricos do mundo.
Portugal é um país com costa marítima e com fronteira com Espanha. A Suíça não tem costa marítima, faz fronteira com a Alemanha, a França, a Itália e a Áustria.

Um assunto que merece muita da nossa atenção, sobre o qual poderiamos continuar a fazer inumeras comparações!

É certo que Portugal tem outras coisas boas... o clima e o mar deve uma das melhores!

Não existe um local 100% perfeito!

Preconceito, Racismo ou simplesmente Pobreza de espírito??

Quando surgiu a ideia de se criar este blog, seria para ambas as criadoras expressaram as suas opiniões sobre a Vida. Para ser sincera nunca tive necessidade de o fazer, até o dia de hoje....
Sempre ouvi falar de racismo e preconceito. Mas sinceramente nunca pensei passar por uma situação destas....aliás, para ser franca, nem sei a que nome hei de dar à infeliz situação pela qual passei!

Acho que a maioria das pessoas pensam que a Suíça é um lindo país a visitar, mas acima de tudo um bom país para viver. As pessoas são justas e compreensivas com os outros e quem quer viver com qualidade de vida deve investir num país como este. Este discurso (que infelizmente eu tb cheguei a acreditar) faz me lembrar os contos de fadas, em que tudo é perfeito. Mas a Suíça está muito longe de ser um país perfeito! Apesar de ser um país rico a nível monetário e para já ter conseguido sobreviver à crise económica que abalou o mundo, a Suíça ou os Suissos são pessoas, como dizer....racistas? preconceituosas? ou, pura e simplesmente com pobreza de espirito??

.................................Eu axo que diria, pobreza de espirito! È ridiculo mas é a pura das verdades! já fui descriminada ao mais alto nível (penso eu, visto nunca me ter acontecido algo semelhante). Passo a citar apenas algumas frases para não vos secar com a história toda!

" - Lamentamos informá-la, mas para o posto que pretende e como é portuguesa, não vai conseguir arranjar trabalho na Suíça! Porque nós só gostamos dos portugueses para limparem a m***** que nós fazemos!"
" - Lamento, mas não sei se conseguirá arranjar alguém que lhe dê trabalho na Suíça! - Ai sim? Mas porquÊ? - Ó querida porque é portuguesa..."
" - Ai, está calada porque tu és portuguesa e não tens voto na matéria!"
" - Vocês os portugueses não têm educação nenhuma! E não se podem dar ao luxo de opinar sobre isto ou aquilo porque vocês são estúpidos e burros!"
Enfim...mas o mais frustante nem é ouvir isto! O mais frustante é de momento não ter a capacidade linguística suficiente para lhes responder à altura! Ou será que vale mesmo a pena perder tempo a responder-lhes??

Será que vale a pena descer ao nível deles? Será que vale a pena mostrar-lhes o quão ignorantes são? Para um país que se diz democrático, é estranho observar que a emancipação das mulheres só foi conseguida à pouco mais de 30 anos e, que apenas 85% das mulheres suíssas o conseguiram fazer. É estranho observar que os outros 15 % quando se casam, ainda ficam em casa a tomar conta dos filhos e só o marido é que é o ganha pão!

Mas as minhas mais importantes questões são: Porque carga de água é que os suíssos são assim para com os portugueses?? Será que têm inveja de nós sermos um povo mt mais alegre e hospitaleiro do que eles? Será que nos fundo têm inveja de nós aprendermos com mais facilidade qualquer tipo de lingua do que eles? De sermos muito mas muito mais inteligentes do que eles (sim, porque a inteligencia não é só intelectual mas é tb emocional)??

Infelizmente são questões para as quais acho que nunca vou obter resposta! De qualquer das formas fica a promessa de que para já eu "engulo todas estas situações", mas quando um dia for capaz de lhes responder à altura (e acreditem, esse dia já esteve mais longe!), das duas uma: ou lhes respondo com cabeça, tronco ou membros, ou trato da saúde oral ao povo de tal forma que os coitados nunca mais consigam/ousem falar para mal-tratar os portugueses!

(re)começar

A  vida é feita de marcos. Marcos importantes nas nossas vidas. Etapas. Crises. Momentos.
Tempos que nos fazem olhar para trás de forma distante e reviver o passado que consolidado sustenta o presente e nos prepara para a incógnita do futuro.
Depois dos balanços e pausas (reparadoras) das férias, do sol, do calor do verão, das amizades e dos laços estabelecidos e reencontrados, do colo, dos odores a familiar, é tempo de definir novos projectos. Projectos que desejamos promissores de um mundo melhor, numa activa (co)construção da sociedade e dos espaços em que vivemos hoje e onde os nossos viverão amanhã.
Nesta etapa, desejo que todos possamos ser felizes nas nossas (co) construções, no estabelecimento de novos contactos , na continuação da definição da nossa identidade e na (re)escrita das nossas histórias de vida. Que este novo ano (lectivo) que agora inicia seja rico em calor humano, amizade, companheirismo, crescimento pessoal e profissional, rico em experiências e aprendizagens reflectidas.
É pois tempo de (re)começar. Considerar tudo o que somos, temos e já aprendemos para começar e abraçar com ânimo, criatividade e alegria os desafios que vão promover e fomentar mais e melhor conhecimento e auto-conhecimento.

Estupidez, ignorância ou "fazer-se desentendido"....

Pensei muito sobre estas coisas.... nomeadamente sobre o publicar ou não publicar este texto. Depois de muito pensar... cá vai!

Há três palavras ou expressões do título parece que se confundem, ou parece que há quem deseje continuar a confundi-lás!!!
Quando lemos algo podemos tecer também várias leituras. Por estupidez, igorância ou simplesmente para se "fazer desentendido" há quem continue a agir, falar, escrever ou seja, comunicar como sendo únicos proprietários/as da verdade. Não deixa de ser a sua verdade, mas não é única!
Como se não bastasse, partilham também as suas verdades "pseudoabsolutas" para mostar que entenderam o que leram.... mas pelo que partilham acredito que muitos dos autores originais digam que somos mesmo estúpidos!!! Afinal, não percebemos nada do que lemos e a pseudoverdade não passa disso mesmo!
Depois há a parte da ignorância.... quando se tecem comentários apenas por comentar, reflectindo que do que lemos nada apreendemos! Resta o consolo de se continuar na ignorância e de nem se perceber que todos e quaisquer comentários bateram na porta ao lado!
Por fim, e porque é duro assumir que é difícil ler, interpretar, descodificar mensagens, dar-lhes sentido coerente e sobretudo adivinhar o que levou alguém a escrever o que quer que fosse, é preferível ficar com o "fazer-se desentendido"!!
Com estes três tipos temos que lidar diariamente..... mas, sinceramente, há que estabelecer limites. Como alguém disse um dia: "Cada macaquinho no seu galhinho"!!!! Se entretanto decidirem continuar a comprar bolas de cristal na candonga, cursos teóricos ou por correspondência de tarot ou afins com vista a adivinhar o que vai na mente de quem escreve..... esqueçam!

energia

Há pessoas que nos fazem bem enquanto outras absorvem todas as nossas energias e nos matam lentamente. Das primeiras deseja-se proximidade, das restantes quremos distância. Será difícil perceber que lá por nós fazermos bem aos outros e dos outros se sentirem bem perto de nós, nós podemos sentir exactamente o oposto. Por isso mesmo há que manter algumas distâncias para que os outros se sintam bem não nos anulemos a nós próprios.... um pouco de egoísmo e demarcação clara de limites nunca fez mal a ninguém!

Stop - Work

Por vezes todos temos que parar, mas curiosamente quando mais necessitamos de o fazer é quando não somos sequer capazes de equacionar a possibilidade de o fazer! Uma ideia paradoxal que invade os nossos pensamentos.
São as nossas experiências que nos permitem desenvolver o auto-conhecimento e desta vez, (re)aprendi que por vezes não necessitamos de parar (na verdadeira ascensão da palavra) e ficar sem fazer nada, mas podemos necessitar de mudar de ambiente, mudar as rotinas, encontrar pessoas diferentes, contactar com outras culturas e perspectivas de vida!
Todos deveriamos ter o direito de beneficiar destas regalias, no mínimo, três vezes por ano! Os médicos deveriam começar a preescrever este tipo de terapêutica!
Todos seriamos mais felizes, se pudessemos mudar de ambiente, mesmo que para trabalhar!

força.coragem

Há momentos na vida em todos necessitamos de palavras de empenho e incentivo mas, não deixam de ser os momentos difíceis da vida que nos fortalecem e nos fazem valorizar as adversidades que superamos e as pessoas com quem as partilhamos. Por vezes é numa simples conversa, numa refeição tranquilamente partilhada que nos podemos exprimir e dar voz não apenas a nós mas também, sobretudo, às palavras dos outros.
Todos gostamos de ser um centro de atenções, num ou noutro momento, todos gostariamos que o mundo e as forças se unissem a nosso favor, mas todos temos que dividir e partilhar a atenção dispensada por várias pessoas. Ainda assim, num ou noutro momento todos gostamos de nos sentir únicos e especiais!
Hoje penso nas poucas pesssoas que me tem proporcionado momentos destes, mesmo sem que se apercebam dos efeitos positivos que têm em nós! Efectivamente compete depois a cada um de nós alimentar e procurar mais momentos de tranquilidade e paz, da voz que se dá aos outros!
Hoje apenas digo, obrigada Susy!

"Amo-te. Adoro-te. Vai em Paz."

"Amo-te. Adoro-te. Vai em Paz." é a frase que desde há algumas semanas resume muito bem um dos princípios mais importantes da vida. Amar é também deixar partir, deixar ir em paz! Eu própria não encontraria melhor forma de expressar e sintetizar tudo o que sempre pautou os espaços entre o possível e o impossível, o desejado e o indejado, a dor e o sofrimento, o sorrir e a alegria. É nestas dicotomias, complementares e contraditórias, que se podem sintetizar alguns dos melhores sentimentos que podem preencher o ser humano e a relação que se estabelece com os outros.
Assim, se houver amor verdadeiro, será possível deixar partir com a alegria e a esperança de que noutro local e com outras pessoas se será feliz. Fica a alegria e o amor de momentos vividos e desfrutados que permanecem na memória e nas histórias que escrevemos na história com a gente, esta gente, que fica na vida da gente. É por isso que não há adeus, mas sim "até sempre", pois sempre encontramos as pessoas no sítio onde as deixamos, no coração, na memória e na história, a nossa história, sem que a chama se apague.

Duas cenas... várias vidas!




Frases da semana

"Ser gentil é mais importante do que estar certo"

"Podemos ouvir e sorrir a alguém quando não temos força para ajudar de outra forma"

"As tarefas simples, fazem maravilhas"

"Os pequenos acontecimentos diários tornam a vida espectacular"

"Quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer"

"Precisamos é de uma mão para segurar e um coração para nos entender"

"A melhor maneira de crescer como pessoa é ceracando-me de gente mais avançada que eu"

"A felicidade e crescimento ocorre quando se está a escalar a montanha"

"A verdadeira escrita é diária, a do guião do teatro da vida"




Obrigada a quem as escreveu.
Obrigada à Luísa, Pinheiro, Ilva e Nuno

Cultivando

Cada vez mais admiro os ingleses, quando utilizam o "ing" na forma "continuous" dos tempos verbais pra transmitir a ideia de algo que se actá atualmente a desenvolver, como se fosse um projecto em construção actual.
Também em Portugal se cultiva. Há quem esteja cultivando quintas no facebook, há quem prefira cultivar quintas todas as semanas, há quem cultive outras coisas independentemente do local, da hora ou da estratégia. Uma das coisas que podemos continuar "cultivando" é a amizade. É muito importante cultivar as relações de amizade, os afectos mais puros e mais desinteressados. Porquê cultivar a amizade? Simplesmente para cultivar algo que nos torne pessoas melhores, que contribua para a definição de cada um como pessoa, para haver momentos de partilha (bons e maus), para haver um "ombro" incondiocional, para simplesmente sabermos que há alguém algures.
Há que seguir cultivando....

Filosofando

Se pensamos, logo existimos, o melhor é continuarmos a pensar e escrever algumas coisas.... Enquanto pensamos e escrevemos também existimos, damos voz a nós próprios, lemos o que escrevemos, ouvimos o nosso pensamento, escutamos o nosso coração, conscencializamos-nos da nossa existência, conhecemos as nossas potencialidades, identificamos as nossas limitações, procuramos estratégias para solucionar as situações com que nos confrontamos no quotidiano e na nossa existência. De tanto pensar, podemos concluir que sabemos que nada sabemos mas, se chegamos a essa conclusão, é porque existimos, pensamos, reflectimos e continuamos a vida, vivendo de forma intensa, na esperança de que algum dia consigamos saber o que hoje não sabemos.





Tempo

O tempo parece ser um dos temas preferidos para se falar. Todas as pessoas falam do tempo. Fala-se quando está sol, fala-se quando está chuva, fala-se quando está nublado e, em última análise, nunca está bom tempo. Ou o tempo anda desafazado de nós ou nós andamos desfazados do tempo.
Depois deste tempo, temos o tempo em horas, minutos, segundo, milésimos de segundo e outras unidades que, por serem tão pequanas não vale a pena citar aqui. Tempo de levantar, tempo de fazer as refeições, tempo de trabalhar, tempo de estudar.. tudo é tempo e todos temos o nosso tempo ocupado de uma forma ou de outra.
Num filme recente de que ouvi falar, fala-se do tempo biológico. Aquele que dizem que toca a homens e mulheres e cada um continua dentro do seu tempo e, ao seu ritmo. Ritmos biológicos diferentes em pleno respeito pelas diferenças individuais.
Por fim, e depois de tantas versões do tempo (e não estão todas), acreditamos que o tempo chega para tudo. Ainda estou para descobrir como se para o relógio que conta os segundos, minutos e horas, como se para o tempo biológico, como se pára o tempo para que todos os dias sejam dias de sol (o meu tempo).
Fica a ideia de que posso conceber o meu tempo como quiser, desfrutá-lo da forma que entender e atribuir-lhe o significado que me parece mais adequado ao tempo.
Manter o tempo nas palmas das mãos, desfrutar o tempo que se nos oferece da melhor forma que conseguirmos, concretizar em tempo os nossos sonhos e projectos é sempre é um bom projecto para este e todos os tempos, afinal cada um de nós pode controlar o seu tempo.

(re)interpretações

Poderemos escrever de tudo e mais alguma coisa, mas tudo o que hoje me apraz dizer é que quando nos propomos tecer algumas considerações sobre o mundo que nos rodeia, idependentemente das igualdades e diferenças, dos afectos e "desafectos", a verdade é que as nossas mensagens podem ser sempre (re)interpretadas de muitas formas e feitios.
Pergunto-me se as (re)interpretações, que a maioria das vezes nem sequer correspondem à ideia escrita, não seão um sinal de necessidades de ordem diversa, como diria o nosso A. Maslow na sua pirâmide das necessidades. Será que as (re)interpretações se baseiam nas necessidades fisiológicas, de segurança, sociais, de auto-estima e auto-realização. Em qual dos níveis estará quem (re)interpreta as nossas mensagens?
Face a isto, fico satisfeita e com as minhas necessidades de auto-realização saciadas (e consequentemente todas as outras, como diria o Maslow), por perceber que inventaram os blogs para que através deles seja possível a quem lê de (rei)intepretar o que escrevemos e assim encontrarem um forma de saciarem as necessidades (segundo Maslow).
A ser assim, (re)interpretem, independentemente de lerem e compreenderem as linhas e as entre-linhas!

Igualdades e diferenças

É curioso olharmos em volta e percebermos que o mundo gira em torno de semelhanças e diferenças. Há pessoas com quem nos identificamos numas dimensões da vida e outras com quem sabemos logo à partida de que tudo o que iremos encontrar são diferenças. As igualdades e as diferenças podem sem compatíveis, facilitar ou dificultar o relacionamento interpessoal. Ainda assim, associadas a essas semelhanças e diferenças, há qualidades e virtudes, defeitos e desvirtudes que podem ocupar mais ou menos do nosso tempo de reflexão e análise crítica.
Diariamente cruzamos com pessoas que nos complementam ou que constatamos que são semelhantes a nós, contribuindo para a definição da nossa identidade. Cruzam-se ideias, pensamentos, opiniões, gostos, interesses e muitas outras coisas sem as quais a vida e as relações não fariam sentido.
É nas igualdades e nas diferenças que nos damos sentido a nós próprios.

Dia Mundial da Criança: observar, estar atento, ouvir e escutar

Escrever é mesmo um vício, um vício saudável. um vício que podemos guardar ou partilhar.
Guardar ou partilhar as experiências da vida, os sabores e dissabores das experiências quotidianas e das observações que vamos fazendo por aqui e por aí, por todo e qualquer lugar.
Deslumbra-me a capacidade de observação e análise das nossas crianças e jovens, o poder e juízo crítico que apresentam, mas também as ideias, sugestões e contributos muito positivos e válidos que nos vão deixando aqui, ali e acolá! Contudo não deixo de me preocupar com a dificuldade que essas mesmas crianças ejovens têm em olhar para o seu umbigo ou verem-se ao espelho e serem também críticos e criativos em relação a si. Críticos e criativos não em relação às ideias que apresentam, mas sim em relação aos comportamentos que por vezes exibem para com os outros e pela dificuldade em encontrar e colocar em prática as respostas e soluções tão critivas e que poderiam ser tão mais produtivas e reconhecidas por aqueles que se dizem também crianças, jovens e adultos.
A ser assim, se o reconhecimento dos outros é muito importante, olhar para o interior e exterior de cada um de nós não é menos. Há que ter a capacidade de observar e estar atento, de ouvir e escutar o mundo e o interior de cada um e o mundo exterior que nos rodeia e nos enriquece com as experiências que nos proporciona. Educar para a escuta e para a observação é uma preocupação e um caminho a percorrer não apenas neste dia mundial da criança, mas hoje e sempe!
Feliz dia Mundial da criança!

"Nunca deixarei de ser a criança que um dia fui!"



inter-pessoal

Cada vez mais me convenço da importância que as pessoas têm nas nossas vidas, as marcas que vão deixando, o quanto contribuem para que nos definamos como pessoas, o quanto este processo decorre naturalmente.
Por muito que os recursos de que dispomos para lidar com a ausência das pessoas façam parte de uma interminável panóplia, nem sempre estamos dispostos a folhear essa lista e passar dos pensamentos e intensões á acção, que é como quem diz passar da teoria à prática.
Efectivamente, em dias de sol, como os de hoje, podemos_
-visitar um museu
- passear á beira mar
- fazer um passeio de autocarro
- passear a pé
- ler um bom livro (em casa, num café ou numa esplanada)
- andar de bicicleta
- "molhar os pés" ao mar
- assitir a um bom filme
- fazer trabalhos manuais
- escrever num blog
- ouvir música
- fazer as lides domésticas (que por vezes adiamos)
 (vou tentar continuar a fazer esta lista)

A verdade é que quando estas e outras acções são desenvolvidas com outras pessoas, consomem mais tempo e por isso os dias também se passam de formas muito mais agradáveis. Convivemos mais, e não pensamos tanto na "morte da bezerra" (quem não tem gado em que é que pensa?).

A ser assim, vou aproveitar este tempo, tentar lembrar-me por mais tempo do que hoje escrevo e das estratégias, e aproveitar para escrever outras linhas em coisas que não são blogs e fazer um longo passeio de automóvel (não há outra hipótese) para amanhã abraçar e receber em grande um novo dia, esperando continuar a partilhar todos os momentos com pessoas em permutas inter-pessoais constantes que nos enriquecem e fortalecem.

Mundo

Um mundo...
Sem ruídos
Em silêncio.
Sem pessoas
Sem laços.
Sem vida
E emoção.

Um mundo sem ruído
Desprovido de som, ritmo, timbre e pausas
Sem orientação,
maestros e maestrinas
Que, mais ou menos experientes,
Conduzem a missão
da busca de sentido e organização.

Um mundo em silêncio.
Silêncio de afectos e gestos
privado de trocas permanentes
entre os residentes.

Um mundo sem pessoas,
sem avenças e desavenças
Aventuras e desventuras
Que nos fazem repensar
O abrigo e local a encontrar.

Um mundo sem laços,
sem dar e receber,
sem trocas que nos fazem crescer
Sem regaços e apoios onde (sobre)viver.

Um mundo sem vida
Sem energia interna
sem motivações e interesses
objectivos e missões
que aqueçam todos os corações.

Um mundo sem emoção,
sem emoção de viver
de criar elos, laços e vínculos
por entre os silêncios e ruídos
dos dias e das noites
e assim viver.
 
Não imagino este mundo
Não é aqui que quero morar
Não é esse o espaço a encontrar e cultivar
Por isso há que o modificar.
 
Viver num mundo de sons e ruídos
de afectos e emoções
com pessoas que residem nos nossos corações
Com que temos laços e vinculações
Que orientam nas nossas sugestões
Dão sentido às nossas vocações
e emoção às nossas missões!